Sobre as eleições presidenciais - Declaração de António Abreu

Quero começar por saudar todos o militantes e simpatizantes que
desde a primeira hora se associaram a esta candidatura e que à nossa
campanha se entregaram com entusiasmo ou que, ao longo dela, nos
fizeram chegar tantas palavras de estímulo. Quero ainda saudar a
juventude e, muito especialmente a JCP, pelo entusiasmo e apoio que nos
deram.

Estas eleições tinham desde o início um resultado previsível. Quero saudar o Doutor Jorge Sampaio no momento da sua reeleição.

As
eleições presidenciais são diferentes das legislativas, não decorrendo
os seus resultados de eleições legislativas anteriores, nem podendo
projectar-se em eleições legislativas posteriores. A influência
eleitoral dos partidos mede-se em eleições legislativas.

Nesta condições, os resultados obtidos pela nossa candidatura correspondem às nossas expectativas.

Os
resultados previstos que apontam para valores superiores a 5% são
também nestas eleições, muito especificas e difíceis, as expressão de
uma grande capacidade de mobilização e afirmação do PCP e de grande
significado para as batalhas futuras.

Com a nossa candidatura
demos uma qualificada contribuição para o enriquecimento e elevação do
debate eleitoral em torno de relevantes problemas do povo e do país.
Defendemos e expressámos pontos de vista, ideias, valores e propostas
essenciais para dar corpo a uma política de esquerda correspondente às
necessidades nacionais e a profundas aspirações de valorização do
trabalho e dos trabalhadores, de justiça social, de fortalecimento da
democracia, de desenvolvimento nacional, de afirmação dos interesses de
Portugal no processo de construção europeia e na vida internacional.
Sustentámos com clareza uma concepção do exercício das funções de
Presidente da República activamente vinculada aos valores e ao projecto
constitucional e dotada de efectiva autonomia, independência e espirito
crítico face ao governo. E, ponto fundamental, pela sua intervenção e
propostas testemunhámos a independência política e ideológica do PCP em
relação a todos os outros candidatos em presença, assim afirmando a
clara e total autonomia e identidades políticas próprias do PCP nesta
batalha eleitoral.

A decisão do PCP de levar até às urnas a minha
candidatura tem o alto valor democrático de ter aberto e proporcionado
a cerca de 200 mil eleitores a possibilidade de um voto inteiramente
conforme com a sua consciência, vontade e opções programáticas que, de
outro modo, com grande probabilidade se teria deslocado para a
abstenção, ou para votos nulos ou brancos, de ter permitido uma votação
que, não correspondendo à influência eleitoral do PCP, exprime de forma
clara uma exigência critica sobre o segundo mandato de Sampaio.

Saudamos
especialmente estes eleitores que nos acompanharam nestes assumido
movimento de afirmação de valores e de um projecto de justiça e
progresso social.

Terá havido certamente uma parte do eleitores do PCP que terá votado em Jorge Sampaio.

Estamos certos que o fizeram por preferir Jorge Sampaio a Ferreira do Amaral e não desejarem uma segunda volta.

Estamos
certos que continuam a confiar no PCP e nas causas e valores por que
ele se bate. E podem esses eleitores estar certos que contamos com eles
para as batalhas que prosseguem e para a luta por uma nova política e
por uma alternativa de esquerda.