A nova tentativa contra-revolucionária desenvolvida em torno da manifestação da chamada “maioria silenciosa” acabou por ser clamorosamente derrotada.
O Partido Comunista Português, o Movimento Democrático Português, a Intersindical e os sindicatos, o MJT, a UEC e outras organizações democráticas desmascararam, desde o início, a operação fascista e tomaram rápidas medidas para combatê-la.
O povo português, em massa, passando a controlar as estradas, em muitos casos em cooperação com forças militares, cortou o passo à marcha sobre Lisboa e deitou por terra o plano de uma grande manifestação reaccionária e provocatória que seria o ponto de partida de um golpe que liquidasse as liberdades e instaurasse uma nova ditadura.
O Movimento das Forças Armadas, passando à ofensiva procedeu à prisão de destacados elementos fascistas e reaccionários, desarticulando as suas organizações.
A tentativa de silenciar os órgãos de informação, que tão grande papel desempenharam no combate à ofensiva da reacção, não foi melhor sucedida.
Desarticulada e derrotada a sua monstruosa operação a reacção teve novamente que recuar. Trata-se de uma grande vitória do movimento popular e do Movimento das Forças Armadas, que permitirá prosseguir em melhores condições a construção de uma ordem democrática.
O fracasso da contra-revolução, só por si, consolida as liberdades e abre melhores perspectivas à realização de uma política democrática.
Da forma, primeiro subtil e camuflada e depois aberta, como foi montada a conspiração fascista e do seu desmantelamento posterior, importa agora tirar conclusões práticas com determinação e urgência com vista a assegurar o prosseguimento normal do processo de democratização e descolonização e da plena realização do Programa do MFA.
A vitória do povo e do MFA tem agora de traduzir-se em medidas efectivas que desencoragem e depois impeçam novas aventuras dos conspiradores reaccionários, que visam, como se viu com meridiana clareza, abrir o caminho à contra-revolução e ao regresso do fascismo.
A vigilância popular, das forças democráticas e do MFA não pode afrouxar. É preciso promulgar medidas capazes de travar o passo à reacção.
Impõe-se com grande decisão e firmeza levar a cabo novas medidas efectivas e urgentes do saneamento do aparelho de Estado. O comportamento de certas personalidades exige que não sejam proteladas por mais tempo decisões corajosas.
Urge, por outro lado, apurar com todo o rigor a responsabilidade dos organizadores da conspiração contra-revolucionária para não poderem lesar e comprometer os direitos e liberdades alcançados.
A derrota da tentativa contra-revolucionária da falsa “maioria silenciosa” desarticulou por agora os esforços da reacção, mas seria ilusório pensar que os conspiradores fascistas se vão dar por vencidos e que não voltarão a atentar contra o MFA e o Governo Provisório e duma forma geral contra o processo de democratização e descolonização.
A luta contra os manejos da reacção é uma tarefa imperiosa de todos os democratas, de todos os militares progressistas, de todo o povo.
As jornadas que acabamos de viver evidenciaram um elevado espírito unitário das massas populares. De norte a sul, portugueses das mais diversas formações políticas souberam superar divergências e diferenças de opinião e enfrentar unidos a ameaça da contra-revolução e o perigo comum.
A garantia da vitória definitiva das forças democráticas é a sua crescente unidade, é o reforço e o alargamento do movimento popular de massas, é a aliança cada vez mais sólida com o MFA.