Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE

Sobre o anticomunismo e o branqueamento do fascismo

Realiza-se hoje no Parlamento Europeu (PE) uma conferência internacional intitulada "Quadro Legal dos Crimes Comunistas" organizada, entre outros, pelo Partido Popular Europeu e pela "Plataforma Europeia Memória e Consciência". Esta iniciativa surge na sequência de várias outras do mesmo cariz, realizadas dentro e fora do PE, e que têm como objectivo a condenação daqueles que designa "crimes comunistas" e apoiar a criação de uma "instituição de justiça". É indiscutível que estas iniciativas se estendem à condenação e criminalização da ideologia comunista, da acção presente e passada dos comunistas, como já acontece em países como a Eslováquia, a República Checa ou a Hungria, sendo este um ataque e chantagem não só realizado contra os partidos comunistas, mas contra todas as forças de esquerda que ousem defender projectos alternativos e lutar contra a exploração do capitalismo.
 
Esta iniciativa tenta falsificar a história e negar que os comunistas foram, pela própria essência dos seus princípios e prática, lutadores fundamentais contra o fascismo e o capitalismo e que, por essa luta libertadora, milhares deram as suas próprias vidas.
 
Estas acções não podem ser desligadas das consequências desastrosas provocadas pela crise capitalista, pela cada vez mais evidente incapacidade de resolução dos dramas sociais e económicos gerados pelo próprio capitalismo, e pelo temor que os seus organizadores sentem em relação à crescente capacidade de atracção dos partidos comunistas e forças de esquerda. Esta acção pretende criminalizar, ilegalizar, reprimir, não apenas a acção dos comunistas mas de todos os democratas que se oponham, e que se opuseram no passado, à dominação e exploração capitalistas.
 
Consideramos inadmissível a associação da instituição Parlamento Europeu a esta jornada anti-democrática que atenta contra as liberdades fundamentais dos indivíduos e dos povos e ao seu direito de lutar contra o sistema capitalista e de aspirar a projectos de sociedade alternativos. A história demonstrou e o poeta Brecht escreveu, que o anti-comunismo é uma antecâmara de ofensivas anti-democráticas generalizadas: "Primeiro levaram os comunistas, Mas eu não me importei, Porque não era nada comigo (...) Agora levaram-me a mim, E quando percebi, Já era tarde".

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