Com o pretexto de comentar a decisão do governo grego, de sujeitar a referendo o resultado das decisões tomadas na última cimeira da União Europeia, que vão no sentido de sujeitarem aquele país e o povo grego a novas e mais agressivas medidas de austeridade, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, fez algumas afirmações sobre a necessidade de “estabilidade e o consenso em Portugal” em torno da política nacional, que justificam da nossa parte o seguinte comentário:
Ao contrário da pretensa “estabilidade” invocada por Paulo Portas o que se deve registar é a profunda instabilidade que a imposição do Pacto de Agressão está a provocar à generalidade do povo português e do País. Uma instabilidade nos rendimentos dos trabalhadores e nas reformas a partir do roubo dos subsídios e da desvalorização dos salários e reformas, nas possibilidades de sobrevivência de milhares de pequenas e médias empresas através de uma política que dificulta o acesso ao crédito e eleva a carga fiscal a níveis insuportáveis, uma instabilidade que ameaça comprometer irremediavelmente as perspectivas de desenvolvimento económico do País;
Perante a situação de declínio económico e social em que o País mergulhou, resultado de uma crise sistémica que se agrava dia a dia, com o aumento da exploração e simultaneamente da concentração e centralização do capital, de que as decisões da última cimeira da União Europeia são exemplo, o consenso que se impõe construir e em torno do qual se deve unir os portugueses é o do desenvolvimento da luta pela rejeição do pacto de agressão, a que os trabalhadores e o povo estão sujeitos neste momento, e não pela insistência no caminho da dependência e submissão que está a conduzir o País para o abismo;
As afirmações do líder do CDS, Paulo Portas, que devem ser enquadradas no desenvolvimento de uma campanha em curso, de promoção da ideia de que na actual situação económica do País as medidas que nos estão a ser impostas são inevitáveis e que isso justifica a abdicação por parte dos trabalhadores e do povo de lutarem pelos seus direitos, no quadro da luta mais geral por um Portugal com futuro, terão a resposta adequada no desenvolvimento da luta de massas, particularmente na Greve Geral de 24 de Novembro.