Em reuniões recentes com associações de agricultores e outras organizações ligadas ao mundo rural, fui alertado para a situação dramática vivida pela pequena e média agricultura e pela agricultura familiar em Portugal. As dificuldades percorrem diversos setores, da vinha à produção de carne, passando pelo setor do leite, entre tantos outros. Baixos preços à produção, elevado custo dos fatores de produção, dificuldade de escoamento dos produtos, abandono do mundo rural, encerramento de serviços públicos e envelhecimento da população, são alguns dos problemas relatados.
Este é um quadro inseparável da Política Agrícola Comum, das suas sucessivas reformas, de cariz liberalizador, que puseram fim a instrumentos essenciais de regulação da produção e dos mercados. O exemplo do leite é paradigmático: milhares de produtores foram liquidados pela decisão de eliminar as quotas leiteiras; muitos optaram pela produção de carne, vendo-se atualmente também a braços com dificuldades de rendimento, que se poderão agravar - e muito - em face dos acordos de livre comércio que a UE está a negociar (por exemplo, com o Mercosul).
Que medidas poderão ser tomadas, no imediato e a prazo, para reverter esta situação dramática, salvaguardar a pequena e média agricultura, a agricultura familiar, e com ela o mundo rural, a produção local, a segurança e a soberania alimentares?