Pergunta ao Governo N.º 1661/XV/1.ª

A situação da Indústria de Moldes

Na Audição do Ministro da Economia do passado dia 10 de maio, tivemos oportunidade em nome do Grupo Parlamentar do PCP de colocar um conjunto de questões sobre a situação da Indústria de Moldes, solicitando uma informação sobre o conjunto de medidas que o Governo tinha definido ou tinha em fase de elaboração para lhe responder.

O Sr. Ministro da Economia confirmou a existência dos problemas, incluindo o diálogo sobre o assunto com os representantes empresariais da Indústria, mas nada de concreto adiantou no tocante a soluções e medidas, limitando-se a vagas referências sobre a necessidade de uma diversificação dos clientes para outros sectores industriais, que não a indústria automóvel, tendo citado os «equipamentos para a saúde».

Um encontro de uma Delegação do PCP com a CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes, realizado no dia 11 de maio, não só consolidou a informação de um quadro claro de dificuldades económicas e financeiras de muitas empresas, como a ausência de respostas até à data do Governo, mesmo se assumiam expectativas de que em breve teriam resposta oficial ao que tinham reclamado como necessário.

É evidentemente consensual a importância da Indústria de Moldes para o país e várias regiões como Leiria e Aveiro, e ainda para Coimbra e Braga, pelo seu significado nas exportações, ocupação de mão-de-obra qualificada e acrescentamento de valor nacional.

Assim, questionamos o seguinte:

Como resultado do diálogo do Ministério da Economia com a CEFAMOL que pacote de medidas está aprovado ou está a ser desenhado para responder aos problemas da Indústria de Moldes?

Sendo conhecido que as empresas desta indústria trabalham com uma elevada rotação de capital e correspondentes problemas no seu endividamento de curto prazo, é uma evidência que as subidas das taxas de juro verificadas nos últimos meses (e ainda em curso)

decorrentes da resposta assumida pelo BCE à inflação, veio penalizar fortemente o sector e criar sérias dificuldades de gestão à sua tesouraria e de sector de baixo risco a banca passou a dificultar-lhes o acesso ao crédito. Que medidas financeiras tem o Governo aprovadas ou em perspetiva para lhes responder?

No quadro do Programa de Fundos Europeus do Portugal 2020 muitas foram as empresas que se candidataram e viram os seus projetos aprovados. No contexto dos problemas críticos decorrentes da pandemia e Guerra da Ucrânia (subida de preços e atrasos no acesso a fatores de produção (matérias-primas e produtos intermédios) como o aço, restrições nos mercados tradicionais como o alemão e problemas significativos de pagamentos de clientes, agudizaram os problemas de tesouraria e puseram mesmo em causa o processamento atempado dos projetos diversos. Surgem evidentes dificuldades no cumprimento dos reembolsos a que alguns projetos obrigavam e a atrasos no pagamento de candidaturas cujos tempos de execução se arrastaram. O que prevê o Governo estabelecer para responder a problemas diversos no quadro da concretização de projetos do Portugal 2020 decorrentes de fatores externos, fora da capacidade das empresas de os alterar e/ou regular/atenuar os seus impactos?

São conhecidas as causas estruturais dos principais problemas do sector – as indefinições sobre o futuro da indústria automóvel decorrentes das opções pelas várias alternativas/modos de motorização dos veículos, no contexto da dita «descarbonização» e «transição energética». O que está o Governo a considerar e a propor, nomeadamente no âmbito da sua intervenção nas políticas comunitárias, para responder a estas questões? Que períodos e meios poderão vir a estar disponíveis para uma transição que reduza ao mínimo os impactos económicos e sociais sobre este tecido empresarial?

O Ministro da Economia fez referência na já citada Audição, mesmo se de forma muito vaga, à possibilidade da diversificação de clientes do sector, abandonando uma focagem muito concentrada na indústria automóvel. Que estudo e outras abordagens de mercados e de tecnologias foram ou estão em curso para ajudar a Indústria de Moldes a progredir nessa direção?

Que outras medidas tem o Governo sinalizadas ou em desenvolvimento para uma possível redução de custos de contexto e operacionais do sector, nomeadamente no abastecimento de energia, que possam contribuir para a sua estabilidade económico-financeira?