A empresa Carris está a chamar todos os seus pré-reformados para se apresentarem ao trabalho. À partida, aparentemente, esta medida contraria as (erradas!) decisões do Governo no sentido de reduzir o número de trabalhadores nas Empresas Públicas.
Só quando se olha para esta medida à luz da compreensão da única motivação deste Governo – maximização dos lucros para os futuros donos da Carris, custe o que custar – é que se compreende o verdadeiro alcance desta medida: estão a chamar os pré-reformados para os despedir! E assim procuram substituir os atuais compromissos de pagamentos de pré-reformas durante largos anos, não passando esses compromissos para os futuros donos, e aplicando em seu lugar uma imediata indemnização paga pelo Estado, numa atitude que revela uma revoltante falta de vergonha.
Aliás, a falta de vergonha é tal que a Administração da Carris chamou para trabalhar até o Barbeiro! Este é o tal Barbeiro cuja barbearia está encerrada há tantos anos, mas tem sido a alegria de todos os relatórios secretos que o Governo filtra para a Comunicação Social na sua guerra suja contra a luta dos trabalhadores dos transportes e que até já deu capas de jornal.
Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, perguntamos ao Governo, através do Ministério da Economia:
Porventura o Governo deu orientações à Carris para chamar todos os pré-reformados para depois os poder despedir? Ou foi a Administração do Grupo Barraqueiro quem deu essa orientação? Ou ambos?