O convite feito a Merkel e Hollande, à partida e por si só, evidencia a intenção de consagrar uma visão legitimadora do directório que tem determinado, no essencial, o rumo do processo de integração capitalista europeu.
Pela nossa parte, obviamente que repudiamos, denunciamos e rejeitamos firmemente esta intenção.
Mas os discursos aqui feitos revelaram-se muito elucidativos. Elucidativos sobre a situação de profunda crise em que a UE se encontra mergulhada, sobre as suas insanáveis contradições e seus inultrapassáveis limites históricos. Elucidativos sobre as responsabilidades da direita e da social-democracia nesta crise, sobre o seu férreo compromisso para, perante o abismo, preparar uma fuga em frente, tentando aprisionar os povos europeus entre Cila e Caribde. Elucidativos sobre o papel profundamente negativo desempenhado pela UE no mundo, sobre a sua criminosa cumplicidade com os EUA e a NATO, bem patente na situação no Médio Oriente, em África e na Ucrânia.
Talvez sem o saberem, Merkel e Hollande, por muito que falem do futuro, já são passado.
O desrespeito pela soberania dos povos e pela democracia, o ataque a direitos e liberdades fundamentais, a tentativa de impor na Europa um retrocesso de dimensões civilizacionais serão, mais tarde ou mais cedo, inapelavelmente derrotados pela luta dos trabalhadores e dos povos.