Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Artur Rêgo, na sua declaração política fez um exercício que já não é de manipulação estatística, é de tortura às estatísticas.
Ora, esse exercício de tortura às estatísticas tem dois problemas de fundo. O primeiro é que quem o ouve não se identifica com o mundo cor-de-rosa apresentado. O segundo é que a teoria que aqui é apresentada de que os sacrifícios valeram a pena, pura e simplesmente, não tem qualquer correspondência com a realidade, não passa de uma mentira.
Vamos aos dados do desemprego. Primeiro, o Sr. Deputado faz a comparação trimestral e não a comparação anual dos dados do desemprego.
O que é que diz o Instituto Nacional de Estatística? Que, apesar de termos tido mais de 100 000 trabalhadores a emigrar só em 2013 e apesar da redução artificial do desemprego — 144 000 desempregados em formação e contratos de emprego-inserção, que continuam desempregados, mas que estatisticamente não contam —, a taxa de desemprego em sentido restrito aumentou de 15,7 para 16,3%.
Se tivermos em conta todos os dados — todos os desempregados em formação, inativos, desmotivados, enfim, o desemprego em sentido real —, então, temos 24,2% de desemprego — 1,4 milhões de trabalhadores desempregados.
E cerca de 370 000 recebem subsídio de desempego.
Com este Governo, em 2013, em termos líquidos, foram destruídos 121 000 postos de trabalho. E é curioso que fale da agricultura, quando foi precisamente na agricultura e na indústria transformadora que se verificou a maior destruição de postos de trabalho.
No total, em termos líquidos, foram mais de 300 000 postos de trabalho destruídos desde 2011, com este Governo PSD/CDS-PP.
Mais: a qualidade do emprego caiu e aumentou o trabalho precário e a tempo parcial, um trabalho pior remunerado e em piores condições.
Estes dados confirmam efetivamente que as opções políticas deste Governo de desgraça nacional destrói a economia, destrói postos de trabalho, destrói direitos dos trabalhadores. O resto é manipulação estatística.
A pergunta que queria deixar é esta: se em 2013 foi assim, 2014 vai ser como, Sr. Deputado?
Com o Orçamento do Estado para 2014, com o Orçamento retificativo, que é mais do mesmo, que ataca os direitos dos trabalhadores, dos reformados e atira cada vez mais pessoas para a pobreza, com o CDS a preparar uma reforma para alterar a legislação laboral, que visa facilitar os despedimentos sem justa causa, como vai ser 2014, Sr. Deputado?
A resposta para nós é clara, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados: 2014 vai ser pior e só começa a haver mudança com a imediata demissão deste Governo.