Declaração escrita de João Ferreira no Parlamento Europeu

Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: aplicação das prioridades para 2012

O Semestre Europeu, ao qual direita e social-democracia tecem loas, instituiu-se para "coordenar as políticas económicas". Algo "fundamental" nestes tempos de crise na UE, dizem.
Quase todos falam da "coordenação" como um fim em si mesma. Escondem o essencial: coordenação em torno do quê e por que meios? A Comissão trata de dar a resposta. Quanto aos fins, as recomendações relativas a Portugal são cristalinas: baixar salários (no país que tem dos mais baixos salários da UE); reduzir a duração do subsídio de desemprego (quando este atinge níveis históricos e quando aumenta o desemprego de longa duração); mais medidas tendentes a "flexibilizar" as relações laborais (leia-se: elevar os patamares de exploração ao nível do século XIX). Quanto aos meios, também já o sabemos: reduzindo os parlamentos nacionais - as estruturas de poder mais próximas dos cidadãos e que estes melhor controlam - a meros verbos de encher, marionetas das instituições europeias, ao exame das quais têm que submeter as suas opções orçamentais, sujeitando-se a uma censura prévia.
Ficam claros os objectivos deste "semestre europeu", que representa um perigoso ataque à democracia (mesmo que entendida já só no plano meramente formal): "coordenar" um violento retrocesso civilizacional na Europa, nivelando por baixo as condições de vida e de trabalho no continente.

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