Basta olharmos para as ditas recomendações de política económica divulgadas pela Comissão Europeia, para percebermos o sentido e os objectivos profundos deste Semestre Europeu.
Em relação a Portugal, por exemplo, a Comissão veio agora defender a redução dos salários. Assim, sem mais. Num país que tem já dos salários mais baixos da Europa. Num país em que milhões de trabalhadores empobreceram, e muitos mais empobrecem todos os dias, apesar de terem um emprego.
Defendeu também a redução da duração dos subsídios de desemprego. Num país em que o desemprego atinge hoje níveis históricos e em que aumenta o desemprego de longa duração, fruto das políticas impostas pela UE e pelo FMI.
Foram estas as recomendações da Comissão. É este o sentido da "coordenação". Coordenar o ataque aos direitos sociais. Coordenar o nivelamento por baixo das condições de vida e de trabalho na Europa. Foi para isto que quiseram o semestre europeu.
Para isso, de caminho, esvaziam de poder as estruturas de representação mais próximas dos cidadãos e que estes melhor controlam. Retiram dos parlamentos nacionais competências fundamentais nas áreas de política económica, orçamental, fiscal e outras - passando-as para estruturas livres de escrutínio democrático e cujo fundamentalismo é bem patente nestas recomendações.