Relatório Howitt sobre a responsabilidade social das empresas

O que se passa neste momento na maioria dos países da União Europeia,
com a multiplicação do trabalho precário e mal pago, com exploração dos
trabalhadores migrantes, sejam de países terceiros, sejam de países da
própria União Europeia, como tem acontecido com os trabalhadores
portugueses, por exemplo, na Holanda, em Espanha e, agora, no reino
Unido, demonstra que é cada vez menor a responsabilidade social que as
empresas assumem.
Aliás, as inúmeras deslocalizações de multinacionais, mesmo quando têm
níveis de produtividade significativos, porque apenas desejam lucros
cada vez maiores, e demonstrando uma total insensibilidade aos milhares
de desempregados que provocam, são a prova de que a maioria das grandes
empresas não pratica qualquer responsabilidade social.
É sintomático que tenham rejeitado as propostas que apresentámos para
plenário, que salientam a incongruência entre os objectivos atribuídos
à RSE e as políticas avançadas pela Comissão em matéria de emprego,
nomeadamente a "flexigurança", para liberalizar despedimentos sem justa
causa, apoiar a proliferação do trabalho precário e desvalorizar a
contratação colectiva e o emprego com direitos.
Por isso, apesar de propostas positivas que o relatório contém,
enquanto não houver vontade política e verdadeira fiscalização da
legislação laboral e das normas da OIT, a prática pouco se alterará.