Quando se impunha uma profunda alteração das orientações e objectivos das políticas comunitárias, com a revogação do Pacto de Estabilidade e a sua substituição por um Pacto de Crescimento e Emprego, acompanhada de uma alteração profunda da estratégia de Lisboa, pondo fim às liberalizações e privatizações de sectores e serviços públicos essenciais, para dar prioridade absoluta à criação do emprego com direitos e à luta contra a pobreza e a exclusão social, a Comissão insiste no caminho cada vez mais liberalizante, com mais do mesmo.
Quando se sabe que os resultados operacionais das grandes empresas da União Europeia aumentaram, em média, quase 80% em 2004, e que a percentagem dos lucros enquanto proporção do PIB na zona euro se aproxima, actualmente, dos seus valores mais elevados nos últimos 25 anos, enquanto que a percentagem dos salários continua a baixar e que tanto a balança comercial como a balança de transacções correntes da zona euro apresentaram resultados positivos nos últimos doze meses, não podemos aceitar a importância estratégica preponderante que a Comissão confere à competitividade e às reformas económicas estruturais.
Também é inadmissível que a nova Agenda de Política Social seja, simultaneamente, desprovida dos instrumentos necessários e dos recursos financeiros adequados, quando há na União Europeia, neste momento, mais de 68 milhões de pessoas em risco de pobreza e cerca de 20 milhões de desempregados.