Declaração de voto de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Resolução sobre a situação no Iraque

Mostrando-se preocupada com a violência sectária e com os actos de terrorismo – preocupação que partilhamos – a resolução da maioria do PE omite factos da maior relevância na explicação do que está a acontecer no Iraque, sem os quais não será possível ajudar a encontrar soluções para os problemas do país. Dez anos depois da invasão do Iraque, um milhão e meio de mortes depois, cinco milhões de pessoas deslocadas no interior ou no exterior do país depois, um milhão de viúvas e cinco milhões de órfãos (números divulgados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU) depois, a maioria do PE continua a não reconhecer nem a condenar a invasão e ocupação deste país. Continua a branquear o uso de armas proibidas com consequências devastadoras, que se sentem hoje e se sentirão a longo prazo, quer para as pessoas, quer para os solos, as águas e o meio ambiente, os quais são testemunhados por estudos científicos independentes, designadamente os que se debruçaram sobre o caso da cidade de Faluja. Não haverá solução para o Iraque sem a devolução ao seu povo do que só a este pertence, a sua soberania, a qual lhe continua a ser negada, nomeadamente sobre os seus recursos naturais. Nem a retirada oficial das tropas dos EUA, em final de 2011, libertou o Iraque, já que os EUA mantêm no terreno cerca de 15 mil tropas e milhares de mercenários pagos pelas grandes companhias que exploram os recursos naturais iraquianos, particularmente o petróleo.

  • Declarações de Voto
  • Parlamento Europeu