Quem ler esta resolução pode ficar com a impressão de que afinal a maioria do PE e a UE em geral não têm responsabilidades, não estavam ao corrente nem tiveram qualquer envolvimento com os ditadores e as ditaduras na Tunísia e no Egipto, permitindo que estes colocassem "a salvo" bens e outros activos, nomeadamente financeiros, aqui nos países da UE, beneficiando os mesmos e os seus grupos económicos. Mas tiveram. Quem ler esta resolução - e não estiver informado sobre o que se passa nestes países - poderá ficar a pensar que aconteceu efectivamente uma "Primavera Árabe" democrática, que os trabalhadores e os povos em luta nestes países conseguiram vencer o poder da oligarquia, ligada ao islamismo mais retrógrado, à ingerência da UE, dos EUA e de outras potências imperialistas. Mas ainda não conseguiram. Com nova ou a mesma capa, a ingerência, a promoção das forças mais retrógradas nestes países mantém-se, o poder assume novas formas para impor velhas políticas. Quem ler resta resolução poderia pensar que os novos actores do poder nestes países resolveram afrontar o poder do imperialismo e querem de volta os bens e activos ilegitimamente roubados ao seu povo. Temos as maiores dúvidas que assim seja. Mas temos convicção que a vontade dos povos destas regiões em garantir o seu desenvolvimento económico e social vencerá.