O Governo, pela voz do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, no evento de “Apresentação do novo modelo de bolsas de Ação Social no Ensino Superior”, no dia 16 de dezembro de 2025, proferiu a seguinte declaração “os estudantes bolseiros têm prioridade nas residências e só podem receber a bolsa com o valor do custo da residência se não tiverem lugar na residência. E aquilo que nós fazemos no ensino superior é não misturar, é por nas residências universitárias os estudantes dos meios socioeconómicos mais desfavorecidos e por isso também, já agora, é que elas depois se degradam, é por isso que elas depois não são cuidadas. (…) quando nós metemos pessoas que são basicamente todas de rendimentos mais baixos a beneficiar do serviço público nós sabemos que esse serviço público se deteriora, é assim nos hospitais, é assim nas escolas públicas, nós sabemos que é assim”.
Estas declarações além de inaceitáveis são o exemplo do caminho de elitização que este Governo pretende construir no Ensino Superior, desrespeitando o direito, constitucionalmente garantido do acesso aos mais altos graus de ensino, independentemente das condições económicas de cada um. O Governo entende que todos os outros jovens, que não façam parte da elite sejam apoiados a título caritativo, ostracizando os jovens e filhos de trabalhadores.
Estas declarações são inaceitáveis na medida que colocam nos filhos dos trabalhadores, nas famílias que hoje vivem com salários abaixo dos 1000 euros, como responsáveis da degradação dos serviços públicos. Desresponsabilizando assim o Governo das decisões que tem tomado no sentido de desinvestimento e de desvio de verbas públicas para o privado, como acontece no SNS e que leva ainda mais ao empobrecimento da população.
Por isso, o PCP requer a audição do Ministro da Educação, Ciência e Inovação na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, com carácter de urgência, sobre as declarações sobre os estudantes bolseiros e a degradação dos serviços públicos