Renata Candeias, da JCP, no Comicio, em Almada

Boa noite camaradas e amigos

Em nome da Juventude Comunista Portuguesa saúdo este comício de Almada como um momento de afirmação desta campanha no distrito de Setúbal.

Ao logo desta campanha temos assistido e continuaremos a assistir a um arremesso de falsos argumentos por parte das forças apologistas do não. Aliás, como temos visto em sucessivos debates e confrontos que face a argumentos concretos recuam apoiantes do Não e tem dificuldade em responder. São no seu conjunto argumentos falaciosos e sofismas que tem como objectivo impulsionar a discussão para campos que nada tem a ver com o teor deste referendo.

Este referendo trata acima de tudo de uma questão de saúde pública, de dar à mulher o direito e a liberdade de optar, de valorizar o seu papel de mulher numa sociedade democrática, de defender a sua saúde reprodutiva e acabar com uma criminalização penal injusta e desadequada.

Mas o Não tem muitas formas de se apresentar, acima de tudo porque possui meios financeiros para fazê-lo. E camaradas e amigos, uma mentira contada muitas vezes se apetrechada de meios pode passar a ser verdade. Para que isso não se verifique é necessário cada vez mais redobrar esforços na participação desta campanha, de forma a chegar a todos os votantes. E aí que o PCP e a JCP e os seus militantes assumem um papel de grande responsabilidade, no contacto de rua, nos debates, nas iniciativas em torno deste referendo.

Não devemos vergar a nossa vontade, apesar de por vezes nos depararmos com tentativas de boicote a esta campanha. Como foi o caso da última distribuição aos trabalhadores do Fórum Almada.

Camaradas da JCP foram ameaçados e impedidos de distribuir por membros da própria administração. Estes afirmavam que para fazermos qualquer tipo de campanha eleitoral tínhamos de falar com o departamento de marketing do Fórum. E só aí estaríamos autorizados a distribuir. Falta explicar, que estávamos a distribuir na rua, e que a Administração do Fórum assumia a rua e os espaços públicos circundantes como parte da sua propriedade. Achamos isto inadmissível e ate caricato, pois consideramos que não nos podem negar aquilo que demorámos tanto tempo a conquistar: neste caso a liberdade. Esta situação só se resolveu após a chegada da polícia.

Mas como vêm camaradas, são atitudes deste género (por parte de empresas e de entidades) que criam a necessidade de intervirmos cada vez mais nesta campanha.
Que ganhemos força nas ruas e no contacto com as pessoas, desmistificando uma série de argumentos populistas e demagogos que o movimento do não assume.

A lei vigente afecta acima de tudo os jovens, pois são estes que se deparam com a desinformação proveniente duma deficiente ou inexistente Educação Sexual.

Portugal é o país da Europa com o maior número de adolescentes grávidas.
Com o maior número de caso de SIDA diagnosticados, e com a média de salários mais baixos. E são os jovens, que cada vez mais são o alvo das políticas usurpadoras de direitos que os limitam, e que tornam cada vez mais difícil a decisão de criar e educar uma criança, nas condições que ela merece.

Não dar a opção de escolha é limitar a condição humana, e agravar as condições sociais dos jovens. Não dar a opção de escolha é votar não. Perpetuar a situação como ela está é votar não.

Hoje em dia, o aborto clandestino é uma realidade. A criminalização da mulher é uma realidade. E é uma realidade que não compreende que exista num Portugal orientado para o futuro e num Portugal do séc.XXI.

E por isso dizemos SIM! SIM a uma Educação Sexual! SIM, à liberdade de optar! SIM às crianças felizes e desejadas! SIM à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado!