A situação da indústria naval é cada vez mais preocupante, com uma profunda quebra, durante o ano de 2002, da procura mundial nos estaleiros navais. As novas encomendas são inferiores em 60% às efectuadas em 2000, mas para a União Europeia esta diminuição foi de 77%, a que acresce uma baixa nos preços. A aplicação unilateral pela UE dos princípios estabelecidos no Acordo OCDE, de 1994, visando o fim dos auxílios concedidos à indústria de construção naval, foi uma das principais causas, sendo insuficiente o actual mecanismo temporário de defesa face à concorrência desleal e dumping dos estaleiros da Coreia do Sul, com margens negativas que oscilam entre os 20% e os 40%, apoiados pelos auxílios estatais. A participação da UE no mercado da construção naval baixou de 19%, em 2000, para 10% no primeiro semestre de 2002, seguindo-se o encerramento de vários estaleiros europeus, o desemprego e persistindo ameaças, como pude verificar na visita aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Daí que seja fundamental que a UE proponha novos mecanismos para preservar e desenvolver o sector estratégico da construção naval, através de um verdadeiro programa comunitário, que promova a investigação e a formação profissional e, tenha em conta as prioridades de modernização das frotas comunitárias, a reparação naval, o transporte marítimo e as pescas.