As chamadas relações transatlânticas são expressão histórica do domínio do imperialismo e da hegemonia dos EUA, à qual a UE é devota, subserviente e diligente. Ainda que a vitória de Biden nas eleições norte-americanas tenha trazido a essas relações algum desanuviamento simbólico, no essencial, o alinhamento da UE com os interesses dos EUA nunca deixou de acontecer.
Este relatório sugere linhas de progressão para esta relação. Que passam pelo reforço da capacidade do bloco em interferir (militarmente, com desestabilização interna, com sanções) noutros países em nome do seu conceito de democracia, no reforço da capacidade de defesa conjunta contra supostos ataques que sofrem, do reforço da NATO e da sua presença global, da capacidade de responder às ameaças que chegam da Rússia e da China.
A dupla UE-EUA tem responsabilidades, directas ou indirectas, na maioria dos conflitos de larga escala das últimas décadas, na maior presença militar fora dos seus territórios, pelos maiores orçamentos militares, na maioria das sanções unilaterais aplicadas, no trilho de dívida e subdesenvolvimento a que largas regiões globais estão votadas, no aumento das desigualdades internas e inter-regionais no globo.
Qualquer que seja o futuro destas relações, ele não pode significar uma ameaça para a paz e a soberania dos povos.