A afirmação da UE como bloco militar tem na PCSD uma expressão muito objectiva. Em primeiro lugar, a UE, sozinha ou no contexto da NATO, quer ter protagonismo no crescente belicismo que atravessa as relações internacionais, assumindo a sua propensão neocolonial e imperialista. Depois, para a UE neoliberal, a indústria da guerra tem o potencial de abrir mercados e oportunidades de negócio que, como está plasmado neste relatório, está a ser aproveitado por outros.
A retórica dos direitos humanos, da segurança contra o terrorismo, ataques híbridos e outras ameaças (vindas dos suspeitos do costume, com a China e a Rússia à cabeça), a ideia da promoção de uma “paz sustentável” são elementos que perpassam este relatório e apenas servem para justificar ou mascarar a realidade: a UE, longe de ser um instrumento de paz e desenvolvimento, está intrinsecamente ligada à desestabilização de diversos países, ao advento de movimentos intolerantes de cariz religioso e fascista, e, directa e indirectamente, à guerra e à violência.
E este relatório pretende que a UE vá mais longe: que reforce o orçamento da defesa, que consolide a base industrial militar, que invista na mobilidade e na cooperação transfronteiriça, que reforce a NATO e que aplique sanções, políticas a que nos opomos veementemente.