A manutenção das ajudas à produção no sector do azeite, tabaco e algodão é um elemento essencial para evitar o risco de forte abandono produtivo e ter em conta as especificidades das produções mediterrâneas. A proposta da Comissão de desvinculação das ajudas à produção, agora aprovada também pelo Parlamento Europeu, é inaceitável e um mau sinal para as discussões em sede do Conselho dos Ministros da Agricultura. Esta proposta terá um impacto sócio-económico bastante negativo e fomentará a desertificação, atingindo sobretudo as regiões mais desfavorecidas dos Estados-membros da UE, nomeadamente em Portugal.
Esta proposta atinge particularmente Portugal, quando, no caso do algodão, mantém a superfície elegível para ajuda nuns ridículos 360 hectares, apesar do aproveitamento que poderia ser feito ao nível do Alqueva e da conversão das áreas de sequeiro em regadio, mas também ao nível do azeite, quando o pacote financeiro decidido e a metodologia, apesar das poupanças de 113 milhões de euros que se pretendem efectuar, põem em causa a modernização do olival português e dos novos direitos de plantação de 30.000 hectares, conseguidos em 1998. Isto implicaria um reforço do envelope financeiro para Portugal em cerca de 20 milhões de euros. Mas o mais grave são as consequências devastadoras do abandono produtivo que esta proposta causará em Portugal, como mostram diversos estudos. Daí o nosso voto contra.