O relatório final é positivo dado manter a actual lista restritiva de produtos. É também positivo que insista nos controlos regulares e na necessidade de retirar imediatamente todos os produtos indevidamente rotulados, com a indicação de "não-irradiados", quando os correspondentes ensaios demonstrem o contrário. Recorde-se que o princípio da precaução deve sempre ser respeitado.A questão é que qualquer tecnologia precisa de demonstrar os benefícios da sua utilização e ter em conta os potenciais riscos para a saúde e para o ambiente, o que é muito problemático com esta tecnologia de irradiar os alimentos. De facto, tendo por base uma utilização civil da energia nuclear, não parece ter outra utilidade que não seja a substituição das normais regras de higiene e segurança que os alimentos processados já deviam ter. Quanto aos benefícios para os consumidores parecem também não existir, pois, para além dos riscos do uso indevido, com a possibilidade de intoxicação, torna mais difícil para o consumidor diferenciar o estado efectivo do produto.Assim, o grande objectivo desta tecnologia parece ser outro - acelerar a liberalização do comércio internacional e reforçar a centralização/concentração da produção e a distribuição em massa de alimentos em todo o mundo, com consequências na deslocalização da produção agro-alimentar e no declínio dos pequenos agricultores locais, pondo em causa o desenvolvimento sustentável.