Compreende-se a pouca importância dada aos relatórios do PE sobre política monetária. Em vez de fazerem uma verdadeira crítica à condução da política monetária, repetem os mesmos argumentos, independentemente da situação económica, não sendo de estranhar que este relatório comece com “congratula-se, mais uma vez, com o sucesso alcançado pelo BCE…”, e conclua, regozijando-se, “que o BCE reagiu correctamente à evolução económica e financeira”. Tudo isto sempre envolto nos dogmas de serviço, de apoio ao Pacto de Estabilidade e à flexibilidade do mercado de trabalho.
Sabe-se que uma política monetária rígida implica que os ajustamentos a choques económicos recaiam sobre os salários e o emprego, afectando a procura interna e aumentando as desigualdades, a pobreza e a exclusão social. Não se pode deixar de constatar que o actual momento recessivo na UE e os diferenciais das taxas de inflação demonstram que uma política monetária única não pode responder de forma eficiente às necessidades de Estados-membros com níveis de desenvolvimento económico diferentes.
Por isso, insisto, mais uma vez, na necessidade de uma profunda revisão das orientações da política monetária e orçamental, cuja rigidez não só tem contribuído para o não aproveitamento do potencial de crescimento económico nos últimos anos como é a principal responsável pelo actual período recessivo com agravamento do desemprego. Daí, votarmos contra.