Intervenção de

Relatório anual do Banco Central Europeu, de 2007 - Intervenção de Ilda Figueiredo no PE

Está claro neste debate que a pretensa luta contra a inflação é tão só uma luta contra o aumento dos salários.

Os principais responsáveis da política monetária da União Europeia, para justificar o nono aumento da taxa de juro de referência do BCE em dois anos e pouco, apenas falam da necessidade da moderação salarial e esquecem os aumentos escandalosos dos lucros das grandes empresas, dos grupos económicos e financeiros, os quais se situam, em geral, em valores que rondam ou superam os 30% anuais, enquanto as actualizações salariais, em vários países, nem sequer conseguem atingir a taxa de inflação. É o caso de Portugal, onde há perdas graves de poder de compra para a maior parte dos trabalhadores e reformados, cujos salários e reformas são dos mais baixos da União Europeia.

A total insensibilidade social dessas políticas monetárias, com altas de taxas de juro e sobrevalorização do euro, está a provocar desenvolvimentos económicos assimétricos na zona euro e a agravar as desigualdades sociais e territoriais da União Europeia, a contribuir para o aumento da pobreza, para a dificuldade crescente de micro, pequenos e médios empresários, para dificultar o crescimento económico, sobretudo de países com economias mais débeis. Por isso, é urgente, mudar estas políticas e dar prioridade ao emprego com direitos, à luta contra a pobreza, ao desenvolvimento e progresso social.

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