Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

Relatório anual 2010 do BCE

Se algo ficou claro, ao longo do ano em apreciação, foi aquilo que há muito vimos denunciando: a falsa independência do BCE.
Á medida que os especuladores se foram concentrando sobre a dívida soberana dos Estados, impondo juros agiotas ao seu necessário financiamento, o BCE foi financiando os bancos, a taxas de juro várias vezes mais baixas do que as que, posteriormente, estes cobraram aos Estados. Com este autêntico mecanismo de extorsão, assim alimentado pelo BCE, ganharam os bancos, em especial os grandes bancos das grandes potências, mas perderam os Estados, em especial os de economias mais débeis, e os povos. Este mecanismo é hoje complementando pela compra de dívida no mercado secundário, assim aliviando a exposição dos mesmos bancos aos títulos de dívida dos países em dificuldade (activos potencialmente "tóxicos"). Assim se mantêm as costas "quentes" dos bancos, incentivando a que a extorsão exercida sobre os Estados e os povos continue.

Impõe-se, por tudo isto, uma profunda alteração dos estatutos, das orientações e da falsa autonomia do BCE, garantindo a presença em igualdade dos Estados na sua direcção, de forma a assegurar o efectivo controlo político pelos seus Estados-membros.

O relatório ignora tudo isto, antes caucionando o papel e a intervenção que o BCE vem desenvolvendo. Assim, votámos contra.

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