Esta proposta parte de uma necessidade real. Num quadro de grandes transferências de recursos públicos para tapar os buracos do sistema financeiro, em que se perspectiva o prolongamento por vários anos das políticas restritivas no plano financeiro, num quadro em que o crédito escasseia e o risco de incumprimento aumenta, um conjunto de grandes projectos de infra-estruturas, cujas exigências financeiras são colossais, estão neste momento seriamente  comprometidas.
Mas a lógica subjacente a estes grandes projectos não é beneficiar os países e os seus povos - o que exigiria, antes de mais, uma ruptura com as políticas de saque e de exploração em marcha. Na verdade, a única preocupação desta proposta são os grandes projectos, aqueles que envolvem fundamentalmente o grande capital alemão ou francês, que dominam estes sectores - transportes, energia, telecomunicações. É significativo que o investimento em infra-estruturas de menor escala, de grande importância pela maior incorporação de produção nacional que possibilita, e pelo incentivo às PMEs que proporciona, com a consequente criação de emprego, seja pura e simplesmente ignorado
Ademais, a proposta mantém todos os dogmas associados às políticas vigentes –
controlo orçamental, redução do défice, austeridade. Estas obrigações a longo prazo não são mais do que investimento público para reduzir o risco privado e, assim, aumentar o lucro privado.