30.Julho.1998
REGIONALIZAÇÃO
- Perguntas e respostas
Perguntas
com Resposta
Esclarecer, informar,
desfazer dúvidas no que respeita à institucionalização das
Regiões Administrativas, é o objectivo do PCP, para que os
portugueses possam tomar uma posição consciente e esclarecida
sobre a matéria.
As campanhas de desinformação e intoxicação da opinião
pública promovidas pelos opositores das Regiões Administrativas
têm provocado natural confusão e muitos equívocos nos
portugueses.
As 19 «Perguntas com
Resposta» que hoje publicamos são um contributo para o
necessário esclarecimento sobre esta importante questão, de que
ninguém se deve alhear.
1.
O que são |
As regiões administrativas são autarquias de âmbito regional.
De facto, a Constituição da
À criação das Regiões
Desta forma, |
2.
Que |
Em primeiro lugar, a regionalização é um factor essencial do fortalecimento (ou desenvolvimento) do processo de democratização do País. A todos os níveis de poder, da freguesia aos órgãos de soberania, existem órgãos democraticamente eleitos. Só a nível regional persistem órgãos de poder, com destaque para as Comissões de Coordenação Regional, não legitimados pelo sufrágio popular. Em segundo lugar, a regionalização constitui, indiscutivelmente, importante instrumento para o reforço da democracia participada e para a descentralização. O facto de se aproximarem os serviços públicos dos seus destinatários próximos, as populações, levando à prática o tão apregoado conceito da subsidariedade (ou seja, que os problemas sejam resolvidos com eficácia pelas entidades que mais próximo deles se encontram) e de, em paralelo, se legitimar o poder através do voto popular, constitui um inequívoco estímulo à participação das populações. A vida tem provado que as possibilidades de participação são infinitamente maiores quando os detentores do poder são eleitos e não nomeados pelo Governo. Em terceiro lugar, a regionalização pode constituir um importante instrumento para o reforço do desenvolvimento. A existência de regiões e de um sistema democrático representativo ao nível regional, para além de estimular uma participação alargada de todas as entidades interessadas no desenvolvimento, pode fortalecer a expressão das aspirações e da vontade regional, e assegurar capacidade de gestão, de planeamento e de negociação no que se refere à resolução dos seus principais problemas. O próprio facto de o poder regional ter que responder pelos seus actos em eleições, responsabiliza mais e pode racionalizar e dinamizar o investimento público. Além disso, um sistema de finanças regionais que garanta maior investimento onde há maior atraso será, certamente, contributo importante para a correcção das assimetrias de desenvolvimento. Em quarto lugar, a regionalização é condição essencial à necessária reforma da administração pública. Com ela será dada maior coerência à actual acção da administração periférica, concretizando-se uma verdadeira descentralização e desburocratização do Estado. Convém ter presente que hoje existem, ainda, dezenas de divisões «regionais» com âmbitos geográficos diferentes consoante os diversos serviços públicos, dependentes verticalmente dos respectivos ministérios e sem coordenação entre si nas regiões em que actuam, com evidentes perdas de eficácia e prejuízos para os cidadãos que solicitam esses serviços. |
3.
Mas há quem |
Ao contrário. As regiões podem ser um instrumento de unidade e solidariedade nacional e não de divisão, sobretudo se forem capazes de dar correcta resposta às aspirações das populações representadas e se as populações sentirem que essas regiões passarão a ter autonomia para enfrentar os seus problemas próprios e a dispor de mais recursos do que até agora.
As
A criação das |
4.
O que são |
As CCR são estruturas desconcentradas da Administração Central, criadas inicialmente para apoiarem e actuarem supletivamente junto dos municípios e que foram tendendo progressivamente para uma intervenção crescente na definição e execução de políticas regionais. De facto, desde 1979, as suas competências e poderes foram sendo progressivamente ampliadas.
Actualmente,
A despesa global prevista
As CCR’s detêm uma |
5.
As regiões |
Actualmente já existem "burocracias regionais" poderosas sediadas sobretudo nas Comissões de Coordenação Regional, que se imiscuem no funcionamento dos municípios e têm um papel determinante na gestão dos fundos comunitários, bem como na discussão com a União Europeia, onde se apresentam em nome das regiões sem terem legitimidade democrática para isso.
As regiões administrativas,
Quanto à enorme despesa
Cargos como Presidentes
Torna-se, assim, claro |
6.
As regiões |
Quem o afirma, esconde que a Constituição da República impede que os poderes dos municípios sejam afectados pela regionalização (artigo 257º).
Esconde, igualmente, que as
Muitos dos que agora
Ao contrário do que |
7.
O |
Não deixa de ser curioso que muitos dos advogados das actualmente tão referidas teses municipalistas, que afirmam que o fortalecimento dos municípios seria uma alternativa positiva à criação das regiões, são os mesmos que, ao longo de vinte anos, não levantaram uma única vez a voz nas grandes lutas para o fortalecimento do Poder Local e para denunciar os ataques de que este tem sido alvo.
Pelo contrário, a verdade é que o
Ninguém mais do que o |
8.
É verdade |
A tradição histórica mostra que de há muito têm existido divisões regionais com base nas quais se definiram áreas de actuação territorial da Administração Pública.
Desde a Revolução Liberal houve períodos
O que está em causa é a
Não instituir as |
9.
Argumenta-se |
A resposta poderá ser encontrada, desde logo, no facto da criação de regiões, ou de instituições equiparadas, se ter verificado em países de dimensão e população semelhante ou mesmo menores que as nossas. É o caso, por exemplo da Dinamarca, da Finlândia, da Bélgica, da Holanda, da Áustria, etc.
Mesmo em países de maior dimensão |
10.
Há, |
É um facto. Há grandes países, como a Alemanha, a Espanha, a Itália e a França que têm regiões com uma determinada dimensão e com determinados objectivos. Mas também há outros países com a dimensão de Portugal, ou mais pequenos, que estão regionalizados.
Naturalmente
Aliás, há países como a |
11.
No entanto, |
O facto de não termos problemas de nacionalidades para resolver no quadro de um Estado unitário, não significa que não existam outras questões a que se tem de fazer face, em especial a participação, a racionalização administrativa e a descentralização, o planeamento e o maior empenhamento num desenvolvimento regional e harmónico do País. De resto, a maioria das regiões existentes nos outros países não resultam de diferenças étnicas, de nacionalidade ou linguísticas. |
12.
A |
Indiscutivelmente que sim . Os orçamentos das instituições locais no seu conjunto representam comparativamente ao respectivo Produto Interno Bruto (PIB) entre 9 e 10% na França, Bélgica e Alemanha e entre 15 a 22% na Itália, Holanda e Inglaterra.
Se se tiver em conta que em |
13.
Mas a |
Nada indica que assim venha a ser. Repare-se que, por exemplo, em França e na Itália, países onde a regionalização tem algum significado, o número de efectivos concentrados nas instituições regionais é de apenas de 0,4 e 2,0 % do total de efectivos sediados aos vários níveis da administração pública.
Em Portugal, o apregoado excesso de |
14.
Tem algum |
Essa é uma das várias acusações, sem fundamento, difundidas pelos que se opõem à regionalização.
Ao
Numa primeira fase, a
Após a aprovação desta,
Seguir-se-á agora, dando |
15.
A questão |
A área de cada região não deixa de ser uma questão com importância relevante no debate que deve conduzir à criação das regiões.
Tê-la em conta para procurar
Para ter em conta a |
16.
Há quem |
Com efeito, este não é um problema menor.
Antes de mais, aos municípios e
Esta deve ser a forma de
Pela sua parte, o PCP não |
17.
Mas porquê |
O PCP discordou da posição aprovada na última revisão constitucional, por acordo entre PS e PSD, de subordinar a concretização da regionalização consagrada na Constituição à realização prévia de um referendo nacional sobre a matéria. Com a agravante de o referendo previsto ter 2 perguntas, cujo resultado pode ser contraditório, e de cujo acordo ou desacordo dependerá , quer o avanço da regionalização em geral, quer a instituição em concreto de cada região.
O PCP continua a considerar que a
Mas, face ao imperativo
Tal como resulta de
Agora, porém, o problema |
18.
Há quem |
Quando há eleições, estas nem sempre têm os resultados mais convenientes para as forças democráticas e de esquerda mais consequentes, como o PCP. Este facto coloca-se a qualquer nível do poder, desde as eleições para a Presidência ou Assembleia da República até às autarquias locais. Mas isso não pode significar que se abdique do sufrágio universal como forma mais adequada no nosso sistema político democrático de escolher os que exercem o poder.
E é seguramente preferível
Em todos os casos, o PCP e |
19.
Como pode a |
O processo de criação das regiões não é uma "guerra" entre a província e a capital, nem entre o litoral e o interior ou entre Lisboa e o Porto. A constituição das regiões, com órgãos eleitos e responsáveis perante as populações pelos recursos que administram e pelos poderes que exercem, possibilitará uma mais justa distribuição e uma mais eficaz gestão dos investimentos, com consequências positivas na fixação e distribuição mais harmoniosa das populações por todo o território, no ordenamento do território e na distribuição das estruturas e equipamentos sócio-económicos. Ganharão as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e, em geral, as zonas do litoral pela diminuição da forte migração interna a que estão sujeitas e que acentua uma pressão negativa na qualidade de vida, no emprego, no ambiente, na habitação dos principais centros urbanos. Ganharão as zonas do interior hoje sujeitas a uma crescente desertificação e que conquistarão meios de intervenção, e de atracção dos recursos humanos e materiais de que carecem para o se desenvolvimento. |