Centenas de quadros do Partido da Península de Setúbal debateram no dia 20 as Teses ao XX Congresso, numa reunião realizada no Lavradio em que participou o Secretário-geral do PCP.
O Partido, o reforço da sua organização e intervenção e o aprofundamento da sua natureza leninista estiveram no centro do debate realizado no pavilhão do Sporting Clube Lavradiense, no Barreiro, quer nas duas intervenções de Jerónimo de Sousa (a abrir e a fechar o debate) quer nos contributos dos vários oradores que passaram pela tribuna. Não se pense que este foi o tema central da discussão por os comunistas terem do Congresso e da sua preparação uma perspectiva estreita e autocentrada; antes pelo contrário, eles compreendem é que do reforço da organização do Partido e do aumento do seu prestígio entre as massas depende a maior ou menor possibilidade de concretização do seu projecto de democracia e socialismo.
Foi o próprio Secretário-geral a afirmá-lo logo na abertura do debate, quando afirmou que o IV capítulo das Teses, dedicado precisamente às questões do Partido, poderia muito bem ser o primeiro, dada a sua centralidade. Tanto é assim que esta questão perpassa todo o documento e ainda todo o Programa do PCP, que Jerónimo de Sousa voltou a considerar essencial revisitar nesta fase de preparação do Congresso, pois todas as decisões e orientações que venham a ser assumidas terão o Programa como referência fundamental.
De facto, quando no Capítulo I das Teses se refere que «amadurecem as condições materiais objectivas para a revolução socialista» e que importa criar as outras, subjectivas, é precisamente do reforço e afirmação de forças revolucionárias de vanguarda capazes de, «em cada país, dirigir a luta pela conquista do poder pelos trabalhadores», que se está a falar. Da mesma maneira que quando insiste no carácter estratégico da luta de massas, o Partido realça a necessidade de reforçar a sua presença nas empresas e locais de trabalho, junto dos trabalhadores – ou seja, como afirmou o Secretário-geral, o Partido tem que estar «onde se dá o conflito de classe, onde se forma a consciência, onde se revelam os lutadores».
Resumindo, o Partido dá força e sentido à luta de massas, ao mesmo tempo que é nessa mesma luta que estreita a sua ligação aos trabalhadores e ao povo e é dela que surgem novos militantes e quadros comunistas.
Fazer e refazer, avançar e recuar
Como sublinharia um dos quadros que usou da palavra na reunião, o PCP faz da luta da classe operária e dos trabalhadores «o motor da concretização do seu projecto político». Na verdade, o fortalecimento do Partido está entre as condições essenciais à concretização da política patriótica e de esquerda (ver caixa), da mesma maneira que – lê-se no Programa – o «reforço da influência social, política e eleitoral do PCP, a ampliação da consciência do seu papel como força indispensável à concretização da alternativa e a sua participação no governo do País são condição decisiva para a construção de uma democracia avançada».
Por maioria de razão, também a «capacidade do Partido para ganhar as massas para o seu Programa» é um dos elementos fundamentais que determinarão, no concreto, o processo de transformação socialista da sociedade, como é igualmente sublinhado no Programa do PCP.
No concreto, e o debate travado no dia 20 bem o espelhou, este objectivo estratégico de reforçar a organização e a intervenção do PCP é um labor quotidiano, marcado, como afirmou Jerónimo de Sousa, por um constante «fazer e refazer, por avanços e recuos, por experiências que resultam e outras que não resultam». O que não pode suceder, prosseguiu, é o Partido perder a concepção de partido leninista, pois quando tal sucede – e a experiência lamentavelmente mostra-o! – aqueles que deveriam ser os destinatários principais da organização partidária «divorciam-se» dela.
Depois de o Secretário-geral ter valorizado a adesão ao PCP de mais de 5000 novos militantes desde o XIX Congresso, realizado em 2012, um dirigente regional chamou a atenção para o facto de as Teses apontarem para a realização de uma nova campanha de recrutamento: mais militantes significa a possibilidade de rejuvenescer organismos partidários, reforçar organizações e movimentos unitários, fortalecer a ligação do Partido às massas, potenciar lutas reivindicativas, sublinhou esse dirigente.
O reforço da organização do Partido nas empresas e locais de trabalho, mas também nas freguesias e bairros, o papel organizador do Avante! e a necessidade de aumentar a sua difusão, a melhoria do trabalho com as novas gerações e o papel da JCP, e a questão decisiva dos fundos e da independência financeira do Partido foram outras das matérias que mereceram aprofundamento na reunião.
Publicado no Jornal Avante!