A discussão sobre a eficácia da chamada Ajuda ao Desenvolvimento é recorrente neste Parlamento.

Uma discussão que não está isenta de alguma hipocrisia. É que ao mesmo tempo que alguns aqui desfiam um rol de pias preocupações, fazem por esquecer que são as políticas que aqui são decididas aquilo que, em larga medida, entrava as possibilidades de desenvolvimento dos países menos desenvolvidos: da desregulação e liberalização do comércio internacional à libertina circulação de capitais – de que os paraísos fiscais são instrumento privilegiado – passando pelas políticas agrícolas e de pescas, entre outros exemplos.

A coberto destas preocupações, o que alguns querem é impor aos países em desenvolvimento modelos de organização política, económica e social; a sacrossanta economia de mercado – erigida em panaceia para todos os males da humanidade, – o papel do sector privado, a abertura de mercados à concorrência mundial. Esquecendo que, como lembrava Lacordaire, “entre o fraco e o forte, entre o rico e o pobre é a liberdade que oprime e a lei que liberta”.

A solução passa pela mudança de políticas e não pela insistência nos mesmos caminhos que nos trouxeram até aqui.