Pergunta ao Governo N.º 1572/XII/3.ª

Reforço da dotação orçamental da Universidade do Algarve para fazer face ao aumento de despesas salariais resultantes do cumprimento da lei

Reforço da dotação orçamental da Universidade do Algarve para fazer face ao aumento de despesas salariais resultantes do cumprimento da lei

Uma delegação do PCP reuniu recentemente com o Reitor da Universidade do Algarve, tendo sido informada da dificuldade sentida pela Universidade em fazer face a um acentuado aumento de despesas salariais resultantes de obrigações decorrentes da lei, nomeadamente:
•A contratação, na categoria de professor auxiliar, dos assistentes e assistentes convidados que, ao abrigo do regime de transição do Estatuto da Carreira Docente Universitária, venham a entregar a tese para a obtenção do grau de doutor e a requerer as provas para a sua defesa até ao dia 31 de agosto de 2014;
•A contratação, na categoria de professor adjunto, dos assistentes e equiparados a assistentes que, ao abrigo do regime de transição do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico, venham a obter o grau de doutor até ao dia 31 de agosto de 2015;
•A transição crescentemente requerida por docentes do regime de tempo integral para o regime de dedicação exclusiva;
•O aumento do número de professores catedráticos e associados, exigido pelo Estatuto da Carreira Docente Universitária.
Estas situações, que em universidades mais jovens – como a Universidade do Algarve – se verificam com maior incidência (por terem ainda muitos assistentes e poucos professores associados e catedráticos, se comparadas com instituições mais antigas), exigiriam um reforço da dotação orçamental. Contudo, em vez do reforço orçamental, a Universidade do Algarve tem sido sujeita, ao longo dos últimos anos, a um estrangulamento financeiro. Tal stuação é bem ilustrada pelo facto de, em apenas 4 anos, a sua massa salarial ter passado de 80% para 99% da verba transferida pelo Orçamento do Estado, apesar da redução do número de docentes e funcionários não docentes.
Esta é uma situação gravíssima, demonstrando que o subfinanciamento crónico a que sucessivos governos do PS, PSD e CDS e, em particular, o atual Governo, têm sujeitado o ensino superior público é causa direta da degradação das condições de exercício das funções docentes e da qualidade pedagógica. O PCP considera que o Governo, ao não assegurar o financiamento público adequado das instituições de ensino superior, está a fragilizar instrumentos fundamentais de salvaguarda da qualidade de ensino e de respeito pelos direitos dos trabalhadores.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo, por intermédio do Ministério da Educação e Ciência, os seguintes esclarecimentos:
1.Reconhece o Governo que a Universidade do Algarve, por ser relativamente jovem e ter ainda muitos assistentes e poucos professores associados e catedráticos, tem despesas salarias acrescidas com o cumprimento das exigências legais decorrentes dos regimes de transição dos estatutos da carreira docente, assim como da necessidade de aumentar o número de professores catedráticos e associados?
2.Tem o Governo conhecimento de que um conjunto de docentes da Universidade do Algarve está a exercer, de forma cada vez mais intensa, o direito legal de requer a passagem do regime de tempo integral para o regime de dedicação exclusiva e que esta circunstância se traduz num aumento de centenas de milhares de euros na massa salarial da Universidade do Algarve?
3.Tenciona o Governo reforçar a dotação orçamental da Universidade do Algarve, permitindolhe fazer face a estas despesas salariais acrescidas que decorrem do estrito cumprimento da lei? Qual será o montante desse reforço? Quando estará disponível?

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