Este relatório, tendo o mérito de chamar a atenção para o grave problema dos imigrantes, ficando no entanto aquém na descrição de uma situação de enorme gravidade. É que os pedidos de asilo nos países da UE continuam a aumentar e as respostas positivas são ínfimas sendo que o Regulamento de Dublim está longe de responder às necessidades de uma abordagem mais humanista nesta matéria. A UE continua a ignorar a realidade de muitos milhões de seres humanos que fogem à fome e à guerra e que procuram uma vida e um trabalho dignos para eles e para as suas famílias e se enfrentam com a política repressiva da UE que tem na FRONTEX uma das suas expressões. Fogem à pobreza crónica, na procura do que lhe é negado por políticas que nos seus países e na UE têm um vector comum: a exploração. Fogem a uma situação política, económica e social muitas vezes dramática e para a qual as políticas da UE muito têm contribuído. Ignorar ou fingir não ver esta realidade é ser cúmplice. E a UE - e a maioria do PE - é cúmplice quando utiliza as relações de dependência histórica dos países periféricos para impor tratados de livre comércio, quando promove a ingerência e a guerra que levam à destruição destes países.