Intervenção de António Filipe na Assembleia de República

Realização e conclusões do Congresso do PSD

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado José de Matos Rosa,
Queria apresentar os nossos cumprimentos ao PSD pela realização do seu Congresso e a V. Ex.ª pela sua recondução como Secretário-Geral do PSD.
O Sr. Deputado não levará a mal que lhe diga que a sua intervenção, aqui, nesta Assembleia, sobre o Congresso do PSD, foi, de facto, muito em consonância com o conteúdo do próprio Congresso, ou seja, foi politicamente vazia.
O Congresso do PSD foi uma fuga à realidade. Isto é, os senhores reuniram-se em Congresso e parecia que se estavam a referir a um país que não é o País que todos os portugueses conhecem no seu dia a dia, na sua vida.
Foi, portanto, uma verdadeira fuga à realidade. Porque a realidade com que os portugueses são confrontados é a realidade de 1,2 milhões de desempregados que existem no nosso País,
é a realidade dos 300 000 desempregados que não têm acesso a qualquer subsídio de desemprego, é a realidade do aumento da pobreza, do empobrecimento das populações, de uma profunda recessão.
Olhando para esta realidade e para o que foi dito no Congresso do PSD, de facto, há algo que,
efetivamente, não coincide.
Como é que os senhores nos querem convencer, a nós, portugueses, que o País vai pagar os juros usurários que os senhores aceitaram que a troica nos impusesse, com a economia no estado em que está, no estado em que caminha, com a recessão profunda que já existe e cujo agravamento se anuncia ainda no decurso deste ano e nos próximos. Como é que os senhores nos querem convencer?
Só que os senhores não questionam isso e o que fazem é passar as culpas para o Partido Socialista, dizendo que não foram os senhores que assinaram o acordo com a troica. Fazem por esquecer que, na altura, também aceitaram o acordo, dizendo que essa responsabilidade é do Partido Socialista.
Mas lembramos que o Partido Socialista, em 2005, quando chegou ao Governo, também dizia que a culpa da situação em que o País se encontrava era do PSD, dos governos de Durão Barroso, do PSD e do CDS. E o Dr. Durão Barroso, quando tomou posse, em 2002, também dizia, no célebre «discurso da tanga», que a culpa era do Partido Socialista.
Se formos recuando na vida política portuguesa, assistimos, desde há décadas, a um passa-culpas permanente entre o PS e o PSD. Portanto, o passa-culpas atual do PSD também não é novidade.
A pergunta que gostaria de colocar-lhe, Sr. Deputado, é a seguinte: perante esta situação, perante os resultados péssimos das políticas do PSD, perante a reafirmação do PSD de que vai prosseguir neste caminho, quais são as razões para que os portugueses possam ter esperança no PSD? É só porque o líder do PSD diz que os portugueses devem ter esperança? A verdade é que não há um único elemento que leve os portugueses a acreditar que, com estas políticas do PSD, a situação social possa vir a melhorar.

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