&quot;Vitórias e derrotas!&quot;<br />Honório Novo no &quot;Jornal de Notícias&quot;

Entre a euforia legítima de quem, desde quinta-feira, jura a pés juntos que vamos ser campeões e o derrotismo “natural” de quem sempre dissera que “o treinador não prestava” e que somos uma grande miséria, aparece-nos um país unido por uma vitória desportiva que importa sublinhar. Até o mal amado Ricardo “sai por cima” da endémica auto flagelação e maledicência que tanto nos caracteriza.

Importa, porém, que esta bem justificada alegria não nos faça esquecer que a vida continua. “Regressado à terra”, recordo logo algumas (outras) imagens do Estádio da Luz. Por exemplo, as entrevistas a Durão Barroso feitas no mesmo local onde é normal ouvir jogadores, treinadores e dirigentes desportivos. Antes e depois do jogo, o “treinador” Durão Barroso perorou sobre futebol. Faltou-lhe, é certo, o cachecol da Força Portugal – esse terá sido escondido na gaveta em 13 de Junho – mas a postura e a intenção eram claras. A realidade da vida, nua e crua, voltava, logo ali, em pleno jogo, pela voz e postura do Primeiro Ministro, de novo a tentar colar-se à Selecção Nacional, a fazer seus e do seu Governo êxitos desportivos que não têm dono…

E a propósito de eleições, aí está de novo a tentativa de condicionar opiniões. Os resultados eleitorais foram claros, clara ficou a profunda derrota do Governo. A noite eleitoral mostrou também a distância entre as sondagens e os comentários, que mostravam a CDU a perder (pelo menos) um deputado, e a realidade das urnas (apesar da sua pequenez e da perda de votos). Ficou clara a derrota destas sondagens e analistas. Mas eles aí estão de novo, com “novas” sondagens que já nos remetem para metade da verdade de 13 de Junho. É obra, é descaramento, mas é a dura realidade da vida que importa conhecer e não esquecer.