&quot;Uma semana, três questões&quot;<br />António Abreu na &quot;Capital&quot;

Da semana que passou, retenho três questões que, directa ou indirectamente dizem muito à cidade de Lisboa.

O Ministro da Educação referiu há dias, segundo a imprensa, que quando se fazem opções, num quadro de recursos finitos, algo fica para trás, adiantando que a opção pela construção de estádios para o 2004 implicaria que ficassem prejudicadas coisas tão importantes como escolas do 1º Ciclo à altura dos dias de hoje, pavilhões escolares ou o ensino profissional.

É a constatação de um facto, que já mereceu debate quando do OE/2003,que se traduziu em quebras de dotações para a Educação. Outra política de receitas, nomeadamente de origem fiscal e não alienando, por causa do deficite, um instrumento tão fundamental para o exercício da nossa soberania uma coisa tão importante como a rede publica de telecomunicações ou não obrigando os utentes da CREL a pagarem portagem com os estafados argumentos demagógicos e populistas que a Ministra das Finanças uma vez mais usou diante das câmaras de TV.

Menos estádios e ir buscar as receitas aos que não contribuem, como deveriam, para cobrir a despesa pública, seriam opções que nos permitiriam relançar a Educação como elemento decisivo para aumentar a produtividade e contribuir para atenuar os atrasos crónicos no nosso desenvolvimento.

E em que o discurso irresponsável de sucessivos governantes, na ausência de medidas adequadas para os vencêr, nos faz passar de fases de optimismo infundamentado e euforias diversas, para outras onde a recessão se torna mais provável com afirmações deprimentes. PS e PSD já fizeram destes discursos

a embalagem para a realização, nas respectivas circunstâncias do ambiente nacional para a realização de obectivos pouco “educativos” das camadas dirigentes.

Nas actuais circunstâcias, querer vencer esses atrasos, ”fazendo melhor com os mesmos recursos” ou optar pelo paradigma da “qualidade” em vez do da “quantidade” (descodificando, fazer omoletes sem ovos...) não pode deixar de cheirar mal para quem anda nestas andanças há alguns tempos. Não deixando de se basear em factos, e de se associar a alguns obectivos que todos partilharão, ”há gato escondido com rabo de fora”, que deixa já perceber a configuração das respectivas patinhas. A isto voltaremos.

Outra questão foi a greve geral.

Como desejámos foi um êxito. Em termos de impacto, de determinação, de adesão, de consequências futuras e teve associada nas últimas semanas, a propósito do código de trabalho um importante agitar de ideias e o desfazer de mitos.

Governos e patronato têm associado as questões da produtividade, competitividade e modernidade da economia a “desactualizados” códigos de trabalho”, coisas do “passado” (como de forma rotineira continuam a “blablar” dirigentes da direita como Santana Lopes) que têm que ser alterados. Certamente em resultado das profecias de algum astrólogo da moda das respectivas cortes.

Acontece que à mediação pimba das razões dos “amanhãs” destes agitados protagonistas da vida política, decidiram muitos dizer que isto era uma grande treta, que a produtividade é maior quando são melhores os salários e outras condições de trabalho (e não piores como o novo Código prevê) e que depende de outros factores, imputáveis ao Estado ou aos empresários, como uma melhor formação e actualização profissionais, o investimento em I&D, a introdução de novas tecnologias, de novos métodos de organização e gestão, de melhores condições de higiene e segurança no trabalho.

Em resultado disso logo se movimentaram diligentes grandes empresários a disponibilizarem-se junto do Presidente da República para arautos da inovação.

E começaram por onde? Oferecendo-se para gerir as universidades públicas!!!

A isto chamam risco e espírito empreendedor. Nós, que não lhe conhecemos esse jeito nos curricula, chamamos-lhe tão só grande lata...

Outra questão,com que termino, foi um conjunto de imprudentes e menos acertadas declarações e atitudes do Presidente e Vice-Presidente da Câmara de Lisboa. Das prováveis (!!) causas de abatimentos de pisos, à desorganização (??) que teria assolado Lisboa nos últimos anos em resultado de um crescimento urbanístico descontrolado (??) que teria afugentado pessoas para a periferia (Quantas? Em que período?) e graves problemas de mobilidade (Quais?) até à retoma por eles do Plano Estratégico de Sampaio, que a anterior vereação teria posto de lado(!!) ou à não solidariedade com os restantes autarcas da Área Metropolitana contra as portagens na CREL,lá fomos lendo as novidades...

Façam lá as sondagens de sub-solo que recusaram ao derrotar a proposta do PCP sobre a reabilitação da Baixa Pombalina. Reconheçam que vivêr em casas é melhor do que em barracas. Que a desorganização que daí resultou foi para os vossos preconceitos de classe. Que a fuga que se deu foi entre esses dois tipos de habitação, que os problemas de mobilidade foram atenuados num quadro metropolitano em que Vossas Excelências não se querem integrar porque o Dr. Santana Lopes não foi eleito presidente da respectiva Junta.

Quanto à estratégia, onde é que a têm se saltam do túnel, para o Casino, deste para o Bairro Alto, o espaço público se degrada, reina a confusão dentro da Câmara, não se paga, deixando obras a meio, fazem-se estas deslizar com permanentes repartições de encargos para anos seguintes ?

E com esta, me despeço .