18 de Janeiro de 2003
Num período inferior a um mês o Governo PSD/PP acumulou um número inesperado de erros.
Poder-se-á dizer que o ciclo se iniciou com as milionárias férias natalícias do Executivo, com o primeiro-ministro alojando-se numa ilha privada de um capitalista que tem negócios com o Estado.
Vieram depois os assessores de Paulo Portas pagos a mil contos ao mês e o nebuloso negócio da Falagueira. Refira-se ainda a escandaleira das nomeações dos administradores hospitalares, mais os descarados passos no sentido de assegurar o controlo na comunicação social.
Chama a atenção que estas trapalhadas abrangem vários sectores do Governo. Não se trata de disparates individuais do tipo dos trocadilhos do dr. Portas ou das ignorâncias constitucionais da secretária de Estado da Educação, mas factos provenientes das Finanças à Defesa, do próprio Durão Barroso à Saúde.
Cada um tomado por si, tais casos não revelam nada de especialmente novo ou surpreendente, mas a simultaneidade quer seguramente dizer qualquer coisa.
Em rigor, talvez duas: uma é que o Executivo perdeu a vergonha e se mostra como é, outra é que dá para duvidar das condições de gestão política do primeiro-ministro.