&quot;Rua!&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Há pelo menos três aspectos profundamente inquietantes na notícia de que a Universidade do Porto se prepara para dispensar duas dezenas de professores.O primeiro é, já se vê, o problema inerente a qualquer despedimento. À privação a qualquer trabalhador do seu posto de trabalho, com todo o cortejo de dramas pessoais e familiares envolvidos.Em segundo lugar, e de uma óptica nacional, é aterrador que a maioria daqueles 20 professores pertençam às faculdades de Letras e Belas Artes e leccionem disciplinas como Estudos Portugueses ou História. Dado que o número de alunos nestas áreas parece estar em diminuição, considera-se que elas são irrelevantes e descartáveis?!A terceira questão será contudo a mais grave. Qualquer licenciado e mais ainda um docente universitário corresponde a um investimento colectivo da sociedade que o produziu. Despedi-lo é assim não só desperdiçar tal investimento, mas essencialmente comprometer o futuro. Deitar fora hoje os professores porque não há alunos é deitar fora amanhã os alunos porque não haverá professores. A medida assume pois o perfil de uma política. E já nem a língua portuguesa poderá ser a nossa pátria.

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