Pacheco Pereira condena no PÚBLICO um conjunto de comportamentos como «ter contas na Suíça», «aceitar malas de dinheiro», «gerir sacos azuis», «fugir a pagar impostos», «aceitar empregos com salários e prebendas muito acima do comum», etc.
Não critica tais acções em si («não se trata de saber se tais procedimentos e atitudes são legais ou ilegais»): acha-as tão-só «inaceitáveis para quem tem uma prática política». Mesmo no quadro de padrões ético-partidários, não considera questões de princípio; apenas que «nos partidos políticos, quem quer fazer estas coisas não devia poder esperar ter uma carreira política, não devia ter cargos partidários e muito menos públicos».
Pacheco Pereira foi e é dirigente do PSD, foi eleito para sucessivos cargos nas sempre dispendiosas campanhas eleitorais do seu partido. Acredito tranquilamente que Pacheco Pereira não tenha andado com malas com dinheiro ou administrado sacos azuis - mas por que razão sentiu necessidade de escrever agora este texto?
Texto que, não condenando claramente nenhuma prática, acaba a ser uma simples recomendação de divisão de tarefas: quem tem ou quiser ter cargos partidários ou públicos não anda com pastas e quem anda com pastas não tem cargos partidários ou públicos.
No mínimo, eticamente muito polémico.