O discurso de rentrée de Ferro Rodrigues provocou algumas reacções bizarras. Foi acusado de não apontar nem objectivos políticos nem prioridades, o que é absolutamente verdade. Em contrapartida, qualificou-se positivamente o facto de o secretário-geral do PS afirmar que o actual Governo é dominado por um relativo neologismo, a «direita radical».
Não se vislumbra a bondade da constatação.
Em primeiro lugar, já estava mais que feita por toda a gente e é tão mobilizadoramente nova como revelar que o PS vai continuar a ter a sede no Largo do Rato.
Mas o mais grave é que quem parece incomodar mais o PS na tal «direita radical» é o dr. Paulo Portas e as suas intrigas. Sendo estas evidentemente graves, a verdade é que a política de outro ministro da «direita radical», o dr. Bagão Félix, nas áreas dos direitos dos trabalhadores e nas questões da Segurança Social é incomparavelmente mais grave para milhares de portugueses. Ora, os socialistas nem sequer se disponibilizaram para permitir a fiscalização sucessiva do pacote laboral no Tribunal Constitucional.
O PS anuncia assim que, pelo que lhe toca, no próximo ano as posições radicais ficam para a direita e para os skates.