&quot;Quem não mostra não vê...&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Acontece-me com assiduidade discordar do que opina o meu amigo Eduardo Prado Coelho, situação plausivelmente recíproca. Estas desarmonias não abrangem, esclareça-se, muitas temáticas que ele aborda. Tal seria impossível pela sua vastidão, de Deleuze a Herman José, do lamento flaneur sobre a dominical desertificação urbana aos estados de alma do estatuto de avô. Aliás, nas emoções avoengas, o assunto está-me, à luz da "doutrina Louçã", definitivamente vedado.

O que me proporcionou esta semana incontida alegria foi poder ir em socorro do Eduardo numa questão sobre que manifesta imensa perplexidade. Em relação a medidas e reformas há anos e anos defendidas pelo PCP e apresentadas agora pelo BE como próprias, interroga-se "Porque é que as mesmas medidas são ostensivas, quando defendidas pelo BE, e invisíveis quando defendidas pelo PCP?"

Não tenho dúvidas de que Eduardo aceitará facilmente que as coisas só se vêem quando são visíveis e que, considerando que uma medida ou um projecto políticos não são um calhau ou uma galinha, com visibilidade fruto da sua fisicidade, ideias e propostas, para serem visíveis, têm de ser mostradas. E concordaremos ainda que os meios de comunicação são, por definição, os instrumentos através dos quais as criações do pensamento humano, como as propostas políticas, são mostradas. Ora, começando pelo próprio Eduardo, a questão é que ele escreve freneticamente sobre o BE, enquanto para ele o PCP é invisível. E claro que, assim, não consegue ver nada.