&quot;Porquê? Para quê?&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

A comprovarem-se os dados a divulgar as conversas telefónicas entre o jornalista do «Correio da Manhã» e entidades ligadas ao processo Casa Pia, muitas perguntas terão de ser respondidas. É dado como adquirido que algumas das declarações mais comprometedoras do registo chegado aos jornais (de resto, obtido e distribuído em circunstâncias estranhas) pertencem ao director da PJ, Adelino Salvado. A ser assim, estaremos ante a completamente estranha situação de um dos principais responsáveis pela protecção dos cidadãos e investigação de crimes ser autor de um crime. Para ser exacto, de vários, todos eles graves. Independentemente do que o futuro venha a esclarecer, há questões que se colocam. É de supor que um magistrado nomeado para cargo de tanta responsabilidade e melindre como director da PJ seja honesto e competente, mas também homem responsável, maduro, experiente. Ora, como é possível que uma personalidade com esses requisitos caia não só na criminosa falta, mas na igualmente pasmosa ingenuidade de confidenciar ao telefone para uso em jornais pormenores de investigações? Porquê? Para quê? Das duas uma: ou foi feita a nomeação completamente desastrada de um inconsciente ou a figura em causa comportou-se no quadro da hierarquia das suas funções, sendo desastrado mais por obrigação que por decisão. Em qualquer dos casos, as responsabilidades começam, é evidente, acima da PJ.