Merece ser considerada a atenção dedicada nos últimos dias ao documento de há três décadas que ficou conhecido por «Relatório das Sevícias».
Em sugestivo coro, diversos jornais dedicaram-se a sofrivelmente obtusos resumos.
Em coro igualmente sugestivo, a gritaria inicial ficou a cargo de Pacheco Pereira e Vasco Graça Moura (que, com o seu elevado vocabulário, seguramente lhe chamaria guincharia). Aqui, coincidência fruto seguramente do convívio de ambos no Parlamento Europeu e do tédio que lhes provocarão os problemas de Portugal e da Europa que supostamente lá os ocupariam.
Mas o mais interessante é que nem Graça Moura nem Pacheco Pereira (nem as tais gazetas) ligaram rigorosamente peva ao tal documento durante um quarto de século.
O que, inquestionavelmente, demonstra o desinteresse que ele lhes merecia, bem como a sua total indiferença face às alegadas vítimas.
Que deu origem a esta tão orquestrada invocação?
Um insólito e tardio rebate de consciência?...
Não, evidentemente. Apenas consideraram que a operação podia servir para perturbar e confundir a divulgação do escândalo das torturas no Iraque. Para uma sórdida mistificação.
Para Vasco Graça Moura e Pacheco Pereira as vítimas só são interessantes quando lhes podem ser úteis.