&quot;O umbigo dos poderes&#8230;&quot;<br />Honório Novo no &quot;Jornal de Notícias&quot;

Quem se não lembra do tom auto-suficiente e arrogante com que Cavaco Silva tratava na altura o país e afirmava sem corar (nem entender o ridículo) que “nunca tinha dúvidas e raramente se enganava”?

Os mesmos tiques surgem em alguns daqueles que, aos mais diversos níveis, exercem os diferentes poderes. É o estilo que olha para o umbigo, que se satisfaz no auto elogio (balofo, claro…), que cultiva (quase sem se dar conta) a imagem sebastiânica da “providência” concentrada no respectivo ego e que, logicamente, acaba por considerar-se absolutamente insubstituível…

Veja-se o que sucede com Valentim Loureiro que, ao invés de, como seria lógico, tomar a iniciativa de se suspender das funções autárquicas até que a Justiça termine o seu trabalho e o inocente ou condene, afirma que os gondomarenses o apoiam e que o querem na cadeira do poder pois “só ele” consegue resolver os problemas dos munícipes…

Veja-se o espectáculo dado por Narciso Miranda na entrevista ao JN da passada segunda feira. Veja-se como este autarca se “sente iluminado”, “interpreta o sentir do povo”, “sabe o que os outros pensam e querem” e, ao mesmo tempo, afirma sem corar que a obsessão pelo poder nunca resultou (ele que aí está há 28 anos…) ou, ainda pior, quando “jura a pés juntos” que há transparência municipal, (omitindo descaradamente a sonegação de informação sobre contratações e avenças de amigos e membros do clã pessoal).

Este é o pântano em que se atola a Democracia. Este é o pântano que o 25 de Abril – revolução – continua a querer eliminar! Mas para isso é fundamental que todos participem e exijam cada vez mais!