Não. Não me refiro aos bifes que o Dr. Bagão Félix subtrai, nem àqueles que com razão a Dra. Isabel do Carmo diz que os portugueses têm a mais no corpinho.
Descobri foi mais uma razão para a minha desconfiada antipatia pelas «leis do mercado».
Foram elas que me privaram do meu primeiro bife: tratava-se do Chave de Ouro, majestoso café no Rossio, onde em conferência de imprensa Humberto Delgado pronunciou o decisivo «Obviamente, demito-o». E que discutia com o vizinho Nicola as bondades do «bife à café». Influenciado certamente pela família, eu achava que o do Chave de Ouro era melhor – mas um banco comprou o edifício. Acabaram-se os bifes, digo eu sem pretender ser alegórico.
Resistiram o do Nicola e o do Império, mas este último está confinado à galeria, a IURD levou o cinema e um self-service levou o café.
Ainda há o da Portugália, mas, como se sabe, de cervejaria, a Portugália passou a brand. Não a brandy (o que, enfim...), mas a brand, isto é, uma marca que se espalha com lógica McDonalds... O bife, claro, ressentiu-se.
Houve entretanto outro tipo de bifes, o dos snacks. Que se comiam ao balcão. Mais célebre, o das Galerias Ritz. Este tinha título: era «à Robin dos Bosques»! Vinha numa tábua, enrolado em bacon, o ovo estrelado em cima dos acompanhamentos de legumes!
Também acabou: o mercado vai fazer lá prédios. Abaixo o mercado que nos rouba os bifes.