Há desde já algumas evidências na questão levantada pelo fim dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Tal como o direito de Rebelo de Sousa a fazer as críticas que entenda não é sequer questionável, igualmente há que admitir que Santana Lopes tem todo o direito de se sentir incomodado com as que o atinjam. Tão incomodado quanto todas as outras figuras que, ao longo de quatro anos e meio, foram tema das dominicais presenças. É ainda aceitável que Santana Lopes se sinta mais afectado por tais comentários serem provenientes de um destacado militante do seu próprio partido.
Mas a verdade é que, exactamente por serem dirigentes destacados do mesmo partido, seria de supor que o PSD, mesmo sem ilusões de fraternidade que a sua história não autoriza, deveria constituir para Marcelo e Santana um espaço orgânico e democrático de diálogo e debate politicamente eficazes. Ora, o que se verificou foi que Santana Lopes decidiu recorrer não ao espaço partidário lógico, mas ao aparelho governamental e em termos de ameaça e conflito. E até se pode piedosamente não aprofundar se Paes do Amaral foi ou não objecto de pressões: bastam as declarações do ministro Gomes da Silva. Há aqui, pelo menos, duas evidências: a primeira é a do estado de funcionamento interno a que chegou o PSD; a segunda é o que pensa Santana Lopes sobre a resolução de divergências políticas até com os seus companheiros de partido.