A maioria dos inquiridos, numa sondagem da "Católica" ontem divulgada, discorda da obsessão do Governo em manter o défice abaixo dos 3%. A maioria considera, de forma bem apropriada, que o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) que fixa na União Europeia aquele "critério para as finanças públicas" é uma coisa negativa e defende que as prioridades nacionais e europeias deveriam ir para o crescimento e o emprego.
Bem sensata se revela também uma parte importante dos eleitores do PSD e do CDS, pois cerca de metade esconjura o PEC (só não se conseguindo entender por que é que a maioria dos eleitores do BE se aproxima da simpatia que o PEC ainda tem na base de apoio da maioria governamental).
Não admira a reacção. A maioria já entendeu que esta obsessão está na base da crise, com a contenção ou diminuição salarial, com o aumento das falências, das deslocalizações e do desemprego, com o decréscimo do investimento público, com os cortes insustentáveis nas despesas na saúde e educação, com os níveis indignos das reformas e das prestações sociais.
A sondagem mostra, porém, quanto é difícil estabelecer relações entre as consequências (os 3% de défice e o apertar do cinto) e as causas (quem aprovou e defende o "famoso" PEC).
Por isso, importa recordar que a obsessão fundamentalista pelos 3% foi defendida e aprovada, há sete anos, pelo PS e é hoje defendida com unhas e dentes pela Dra. Ferreira Leite e pelo seu Governo. E vale a pena concluir que tanto Sousa Franco como Deus Pinheiro irão continuar a defender este PEC e essa obsessão, depois de serem eleitos para o Parlamento Europeu. Como vale a pena lembrar quem é que sempre considerou que o PEC nem deveria ter sido aprovado nem aplicado. Mas, para isso, estão as eleições de 13 de Junho, para que a desfaçatez não prossiga!