&quot;O coelho do ministro Isaltino!&quot;<br />Honório Novo no &quot;Jornal de Notícias&quot;

Com este Governo, acabou (há dez anos) a novela da co-incineração, tal como em 96, com o anterior Governo socialista, acabara a novela da construção de uma unidade especial para incineração dedicada.

O que não acabou, e se agrava a cada dia que passa, é a saga dos lixos industriais perigosos, é o inferno do seu depósito anárquico, é a situação catastrófica de um país transformado numa verdadeira montureira de resíduos industriais perigosos (RIP).

O triste espectáculo de acusações e de insultos a que esta semana assistimos, entre deputados do PS com responsabilidades recentes de governo e deputados do PSD acolitados pelo actual detentor da cadeira ministerial, mostra bem porque é que permanece, há tantos e tantos anos, sem solução à vista (e portanto se agrava), o enorme passivo ambiental deste país.

Num estertor desesperado perante a rejeição de soluções concretas de co-incineração, manifestamente não sustentadas em radiografias credíveis da realidade nacional, o PS continua a insistir numa tónica que cada vez mais o afunda no isolamento e na teimosia obsessiva a que um restrito "clã de gurus" o parece querer condenar.

Por outro lado, o PSD e o Governo, pressionados pela opinião pública para apresentar as soluções a que se comprometeram há mais de dez meses, pressionados pela justificada noção de que nada quer de facto fazer para resolver o problema, tiram um verdadeiro coelho da cartola e anunciam, na véspera de um debate parlamentar, uma mão cheia de quase nada.

Quanto à radiografia da situação, nada. Lá para finais de Fevereiro, adiantam… Quanto às soluções concretas, também nada. Pelo menos, por enquanto. Como diz o ditado, "gato escaldado de água fria tem medo", e nós já ouvimos tantos a prometer o paraíso que não nos comovemos com a apresentação genérica de algumas ideias por mais tratamento separado que anunciem, por mais aposta na redução que façam, por mais descontaminação de solos que prometam e por mais anúncios de queima (fora do país, "debaixo do tapete dos vizinhos") para o pouco que este processo "integrado" deixar de lado…

Ideias bonitas e merecedoras de análise e reflexão, mas nada de concreto, nada de palpável. Importante será conhecer e decidir com base na participação das pessoas, com base em análises científicas fiáveis, com base em estudos de impacto ambiental especiais.

O que importa é que possamos ver a cor e a cara do coelho que o senhor ministro tirou, esta semana, da cartola!

É que se não houver mais nada que isto, Isaltino Morais ainda se arrisca a passar de "verbo de encher" a mágico do circo governamental!

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