Fiel ao seu estilo, onde com duvidoso ganho se cruzam a adjectivação caceteira de Vasco Graça Moura e a oralidade boçal de Alberto João Jardim, veio o ministro Morais Sarmento anunciar ao País que o «Governo quer» que os 30 anos de 25 de Abril sejam festejados «sem carga político-partidária». E que o Governo também «quer» que as comemorações sejam feitas «sob a perspectiva da evolução», onde se incluem com destaque «as novas infra-estruturas rodoviárias».
Situando-se ideologicamente, diz o Governo que «os valores de Abril não são compatíveis com comemorações (...) enquadradas em considerações meramente ideológicas».
Pela forma e pelo fundo, é de recear que o texto haja sido redigido pela Dra. Mariana Cascais.
Só assim, por exemplo, se compreende que o Dr. Morais Sarmento considere que o 25 de Abril se traduz menos no fim das torturas da PIDE sobre os presos (políticos e partidários em geral), e muito mais no IP5.
Alguém terá de explicar ao Governo que, nestas como noutras coisas, ele não tem que «querer» coisa nenhuma.
E, para evitar estas enormidades, ser-lhe-ia útil arranjar uns dinheiritos e promover uma urgente acção de formação aos seus membros sobre a Constituição e, já agora, a História do País.