&quot;Luz e sombra&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

É de toda a justiça - e utilidade - recomendar a leitura do artigo ontem publicado no Público, com o título 'Evitar o desastre' e assinado por Pedro Magalhães.

O autor começa por fazer um conciso resumo dos resultados da operação «Mãos Limpas», em Itália, e idêntica síntese sobre o escândalo de pedofilia na Bélgica. Na sequência desses arrastados processos, os dois países enfrentam hoje, sublinha, os níveis europeus mais baixos de credibilidade pública na justiça e nas instituições.

«É nestes casos que importa pensar», escreve, «[pois] apesar das suas peculiaridades, eles contêm ingredientes que se encontram potencialmente presentes em Portugal.»

O mais relevante no texto é contudo o que se poderá chamar recomendações finais. Pedro Magalhães não recomenda que toda a gente se cale: defende sim que, a começar pela própria Justiça, se fale e escreva, mas se fale e se escreva bem e com responsabilidade.

Na verdade, não vale a pena pensar que a sociedade, confrontada diariamente com a especulação pública sobre o que se passa se tranquilize com um moroso silêncio que não pode ser tido por inevitável exigência da incontestada independência da justiça. À luz da lei tudo poderá ser muito claro, mas a realidade é bastante sombria.