Verifico que em 1997 incorri na muito admoestável desatenção de me não ter apercebido que os eméritos alfacinhas Rogério de Moura e José Augusto-França haviam proporcionado à leitura um interessante alfarrábio, Lisboa 1898 – Estudo de Factos Socioculturais, falha que pude redimir graças a uma 2ª edição, do ano passado.
Trata-se de um meticuloso inventário da vida citadina em 1898, período com legitimidade seleccionado pelo autor como sugestivo caso de estudo dos últimos anos de Oitocentos.
Correndo o risco de ocupar espaço a Vasco Pulido Valente (que explica tudo o que ocorreu depois com o que nos sucedeu no século XIX...), confesso ter topado com múltiplas sugestões de reflexão para os momentos que ora vivemos.
Mas o que mais me tocou foi o facto de fazer então parte das tão eternas quanto recorrentes modas e muletas do dialecto indígena uma expressão de irónica pronúncia galega, extraída de título revisteiro da pena de Penha Coutinho e usada a torto e a direito, reflectindo as perplexidades e dúvidas que assaltavam a população, quando buscava explicações e saídas para a caótica situação económica e política: «Num xe xabe...»
Actualizando então, de acordo com a actual situação e o actual linguajar: «É assim: basicamente, num xe xabe...»