A crise da Brigada de Trânsito GNR merece a atenção inerente a qualquer estrutura policial e de segurança. É possível e plausível que tenha constituído um erro a decisão dos comandos quanto à transferência de centena e meia de guardas da BT para as unidades territoriais. Evidentemente que todos os homens abrangidos por essa medida ficaram sob a suspeita de estarem envolvidos em casos de corrupção, quando é claro que tal não se passava. Protestaram, como era seu inalienável direito.
O Governo enfrentou em consequência um processo judicial. É possível e plausível que tenha concluído que a situação era indefensável. Optou assim por furtar o Estado a uma previsível condenação em tribunal. Só que, ao tomar tal medida, o ministério que tem a tutela política de forças militarizadas esqueceu a própria especificidade de tais forças e as exigências que envolve a articulação da instância política com as estruturas de segurança.
Os comandos da Guarda poderão não ter razão quanto às decisões que tomaram. Mas o Governo é definitivamente incompetente para lidar com questões tão sensíveis como, por um lado, direitos e garantias e, por outro, hierarquias e segurança. Resumindo, é definitivamente incompetente.